segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ela, Ela, Eu.

"Ela queria uma vida calma e uma vida chocante. Pense em Van Gogh, ciprestes e torres de igreja sob um céu de cobras coleantes. Era bem filha de seu pai, queria ser amada por alguém como sua mãe, durona, judiciosa... queria correr gritando no meio dos carros com uma garrafa nas mãos. Essa era a maldição da família. Tinham propensão a acalentar bandos de desejos indisciplinados que colidiam e se cancelavam mutuamente. A maldição implicava que, por não domar os desejos, sempre acabavam sem nada nas mãos. Casou-se aos vinte e poucos anos. Quando o casamento acabou, amou uma mulher. Em ambas as ocasiões acreditava que conseguiria concentrar seus impulsos e ter uma vitória sobre sua própria confusão. Agora, com trinta e poucos anos, ela sabia menos do que nunca o que queria. Em lugar de acreditar em mudanças como fazem os jovens, começava a sentir um constrangimento nervoso que tiquetaqueava dentro dela como um relógio. Nunca pensou que iria chegar tão longe num estado assim, tão completamente sem amarras."


(Não é meu. E não sei de quem é.)



(Poderia ser meu.)

(Será em breve, do meu Eu-Dramático.)

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